Em 1614, um indígena tupinambá foi executado pela Igreja Católica em missão no Brasil.
Conhecido como Tibira do Maranhão (“Tibira” é o termo tupi utilizado para nomear identidades que não cabem na norma cis-heteronormativa), o indígena teve sua cintura amarrada na boca de um canhão no Forte de São Luís e, quando os executores lançaram fogo, metade do corpo de Tibira caiu em terra e outra metade foi em direção ao mar. O relato do crime violento e desumanizador foi detalhado no livro do missionário francês Yves d’Évreux “Viagem ao Norte do Brasil feita nos anos de 1613 e 1614“.
Em 2020, Juão Nyn, multiartista lançou e resgatou a história no livro “TYBYRA: Uma Tragédia Indígena Brasileira“, peça teatral que contextualiza o acontecido e traz outras reflexões acerca da resistência indígena no país nos dias atuais.
Assista a aula aberta de Juão Nyn para a Casa 1
A história também foi contada pelo sociólogo e antrópolo Luiz Mott, professor da Universidade Federal da Bahia e fundador da ONG Grupo Gay da Bahia no livreto “São Tibira do Maranhão”.
Em homenagem à Tibira o governo do Maranhão inaugurou uma placa na Praça Marcílio Dias, São Luís.
A trágica e violenta morte de Tibira foi usada para que a moralidade e os padrões dos colonizadores fossem impostas aos povos originários. Relembrar essa história é também estar sempre ciente do apagamento e a punição à diferentes orientações afetivas-sexuais e identidades como uma herança perversa da colonização.
Célia Xakriabá e Erika Hilton registram PL para que Tiriba seja considerado Herói da Pátria
Hoje, 19 de abril, comemorado o Dia dos Povos Indígenas, as deputadas Célia Xakriabá e Erika Hilton protocolaram um projeto de lei para incluir Tibira no livro de Heróis da Pátria.
“Hoje, então, se faz necessário de reconhecer o heroísmo de Tibira do Maranhão, ao ousar ser quem se era e por defender seu território, incluindo seu nome no livro dos heróis nacionais brasileiros”, escreveram nas redes sociais.
Para coletivos indígenas e LGBTQIAP+, a proposta é um marco que reconhece a existência e a luta dos povos indígenas desde a colonização.
O livro Heróis e Heroínas da Pátria também é conhecido como Livro de Aço e fica em Brasília no Panteão da Pátria e da Liberdade.
Arte de capa: Miguel Galindo