BLOG

Santo de Casa, novo livro de Stefano Volp, propõe a desconstrução de um mito doméstico

Apresentando uma carreira consolidada como romancista, Stefano Volp não para de se desafiar e está com mais uma obra disruptiva e contundente: Santo de Casa. Lançado pela Editora Record, o livro é um romance contemporâneo que narra a história de três irmãos que se reúnem para organizar um velório após a morte trágica do pai, Zé Maria. Enquanto a cidade se organiza em uma procissão para se despedir de um homem tão querido, mãe e filhos atravessam as complexidades do luto pelo patriarca que, apesar da saudade, deixou na família marcas de violência e opressão.

Para construir uma narrativa que mostre a complexidade da violência familiar em  múltiplas formas, Volp investigou as dores sensíveis e insensíveis provocadas pelo  patriarcado, vividas por pessoas de todos os gêneros, além de se basear em vivências  pessoais de sua infância.  

O livro nasce da escuta de histórias que me cercaram pelas cidades da Baixada  Fluminense por onde cresci, ou seja, histórias vividas entre quatro paredes por lares que  lutaram para sobreviver contra o feminicídio, os horrores do machismo e as violências do  patriarcado. Em contraste com o peso da narrativa, Santo de casa se passa no Arraial do Sana,  uma região de serra e Mata Atlântica, na cidade de Macaé/RJ. Me abriguei neste lugar por muitos dias para reconstruí-lo da maneira mais fiel possível”, reforça o escritor. 

Volp costuma abordar com frequência temáticas como a crítica ao patriarcado e a  violência de gênero, sendo que dentre os romances já escritos e publicados por ele, estão “O  Segredo das Larvas”, “Nunca Vi a Chuva” e “O Beijo do Rio”, este um grande sucesso comercial,  com mais de 30 mil exemplares vendidos e que toca em pontos sociais bem nevrálgicos, como  pedofilia e exploração sexual. 

“Santo de Casa”, porém, traz uma ousadia nova e necessária para os tempos atuais. “Neste livro abraço um gênero novo, experimento uma linguagem estranha e toco em feridas que nunca toquei. Construí uma família majoritariamente masculina para exemplificar o quanto o sistema patriarcal, além de rebaixar qualquer outro gênero que não o masculino, precariza a subjetividade dos próprios homens. Sinto que, sobretudo, minha conversa com os homens que me leem agora mergulha em águas ainda mais profundas”.

Diante de um desafio ainda maior para o mercado literário, onde pela primeira vez,  desde 2007, o número de não leitores brasileiros ultrapassou o número de leitores, segundo a  mais recente pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Instituto Pró-Livro, Stefano  Volp acredita que o seu maior desafio seja reter um grande número de leitores e ao mesmo  tempo ter a consciência do lugar de fala. 

“Talvez o maior desafio seja não reproduzir as ideias propagadas pela dominação  masculina. Sou um homem negro que, apesar de tudo, ainda prova dos supostos privilégios do  sistema de dominação patriarcal. O problema é estrutura e o patriarcado pressupõe uma  corrente ideológica estrategicamente inculcada na sociedade e sustentada por instituições  como o Estado, a escola, a igreja e a família. Desconstruir uma estrutura muitas vezes  imperceptível exige coragem para cometer erros”, enfatiza. 

Lançamento livro “Santo de Casa” 

Editora: Grupo Editorial Record 
Número de páginas: 192
Preço: R$69,90 
Venda: https://bit.ly/4hqq9nm 

Sobre Stefano Volp 

É formado em Jornalismo pela FACHA e especializado em Roteiro Audiovisual pela Academia Internacional de Cinema (AIC). Autor de “Homens pretos (não) choram”, “O beijo do Rio”(que passou pela curadoria do clube do livro da TAG e já vendeu mais de 30 mil exemplares), “O segredo das larvas” e “Nunca vi a chuva”, Volp já traduziu diversos livros de ficção e contribuiu para colunas em veículos de renome nacional. No audiovisual, Volp atua como diretor, produtor associado e autor roteirista em projetos pontuais e na adaptação de suas obras literárias. 

Não importa o projeto, o autor quer sempre utilizar a escrita como um poder de transformação social, para que grupos marginalizados se sintam incluídos para além de estereótipos. 

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

Notícias Relacionadas

Para ler e assistir, conhecendoa história de Marcelo RubensPaiva

Romance sáfico nacional traz trama enredada por debate geracional

Literatura Juvenil LGBTQIA+ por 3 autoras nacionais

Conhecendo mais sobre o movimento e os direitos LGBTI+em 3 livros

HQ Ciranda da Solidão é republicada e ganha edição especial

A nova adição na seção de obras autografadas, livros disponíveispar...

Conheça Quinze Dias e outros 3livros representativos para ler e dep...

Primeira parlamentar travesti no estado do Rio de Janeiro lança liv...

Conheça o Clube do Livro “Pomar”, o clube de leitura da...

A história pioneira de João W. Nery em seus livros de memórias

Os quadrinhos de Alison Bechdel

 8 livros brasileiros LGBTQIAPN + de 2023 para ler em 2024