BLOG

Sam Bourcier e o unicórnio que peida

Por Cleiton Zóia Münchow, voluntário da Biblioteca Caio Fernando Abreu

e eu pedei
de desrazão
e de excesso
e da revolta
de minha sufocação
(ARTAUD).

A biblioteca Caio Fernando Abreu conta com alguns livros estranhos, este é o caso de HOMO INC.ORPORATED: o triângulo e o unicórnio que peida. Trata-se do mais recente livro do sociólogo queer e transfeminista Sam Bourcier. Esse estranho livro encontra-se numa prateleira situada entre as de teoria feminista e feminismo negro. Na placa da exata prateleira em que se encontra o livro a identificação é, exatamente, a seguinte: LGBTQIAPN+ TEÓRICA. Tudo isso indica muita coisa sobre esse livro de estranho título, para muitos, inclusive, inelegível. Bourcier não escreve e pensa para todos, ele faz do pensamento o exercício crítico das linhas duras que atravessam as minorias e bloqueiam sua força. O sentido do título da obra, bem entendido, aponta para sua estrutura investigava: aborda, primeiramente, a cumplicidade e o compromisso do movimento gay e lésbico institucional, constituído por aqueles que ou autor chama de bons homos, com as políticas neoliberais (HOMO INC.ORPORATED); em seguida, explora as três maneiras do exercício do poder que caracterizam o poder sobre a vida na sociedade contemporânea: a segurança, a população e a disciplina constituem a investigação sobre o triângulo biopolítica; por fim, o unicórnio que peida, por sua vez, aponta para as formas de queers e transfeministas resistirem às tecnologias biopolítica e suas lógicas neoliberais, o unicórnio é a multitude queer e transfeminista que não aceita se submeter às leis do mercado e às políticas de igualdade e identidade que atendem aos interesses dos bons homos e à produção de mais-valia capitalista. Sam Bourcier escreve para intensificar as zonas queers.

Há uma difundida narrativa que conta uma história que toma como ponto de partida o Stonewall e, não sem tecer uma analogia com a luta pelos direitos civis, passa, rapidamente, ao casamento gay (Cf. Bourcier, 2020, p. 43). Tal narrativa e as analogias que comporta, conforme Bourcier, são uma impostura, uma estratégia de comunicação, uma falsa história, uma traição aos objetivos do movimento de minorias sexuais e de gênero que, durante sua construção, nos anos 60 e na atuação durante o que foi chamado
de crise da AIDS, lutava por justiça, transformação social e sexual, e tinha a redistribuição de renda como um dos seus objetivos principais. Essa traição, que se tornou o que hoje é o movimento LG institucional, produz e reproduz racismo, classicismo, separa o movimento da própria base, o torna incapaz de coletivizar e exclui “trans, prostitutas, deficientes, imigrantes e pessoas racionalizadas não tokenizadas, os pobres e os precários” (Bourcier, 2020, p. 42). Esse movimento, seja Internacional ou Francês, tornou-se um movimento de bons homos comprometidos com valores tradicionalmente de direita: o trabalho (alienado), a família (branca, hetero e burguesa), a pátria (o nacionalismo e a xenofobia). Contra as políticas da igualdade e direitos, Bourcier advoga por políticas queer e transfeministas.

A traição, que introduz a narrativa das políticas da igualdade e de direitos, atende a demandas de Gays e Lésbicas institucionalizados e endinheirados e, por isso, com acesso a direitos. É a família nuclear branca que este movimento institucionalizado toma como modelo em detrimento de configurações que não lhe interessam. Assim, silenciam e obstruem às existências queer e transfeministas. Essa traição se fez expressa, por exemplo, nos cartazes nacionalistas e islamofóbicos que se fizeram manifestar em 2011
na EuroPride de Roma e no dia Nacional contra a Homofobia (cf. Bourcier, 2020, p. 33); na demanda para que gays abstinentes pudessem doar sangue mesmo que aqueles que tinham vida sexual ativa seguissem impedidos (Bourcier, 2020, p. 33); no voto dos bons homossexuais que, habitantes dos arredores de Stonewall, votaram “contra a renovação da licença para vender álcool de um bar inofensivo, (…), onde às vezes drag queens fazem um karaokê por volta das 22h” (Bourcier, 2020, p. 115), a alegação utilizada era a de que não queriam que seus filhos fossem expostos a shows de drag queens (cf. Bourcier, 2020,
p. 116). A política da igualdade de direitos opera exclusivamente sob a perspectiva do poder jurídico legal, essas políticas encontram-se instrumentalizadas em suas dimensões biopolítica e ignoradas ou manipuladas pelo movimento institucional dos bons homos. Bourcier é certeiro quando coloca de ponta a cabeça o triângulo biopolítico: segurança, população e disciplina, as três maneiras do exercício do poder que nos controlam, nos modulam a céu aberto em nossa cotidianidade. É preciso pensar o exercício do biopoder.

O biopoder corresponde à forma do exercício do poder nas sociedades de controle em que “o poder é exercido positivamente sob a incitação, maximização e valorização, (…). Há mais incentivo para se fazer do que se proíbe fazer. É, aliás, um modo produtivo de poder” (Bourcier, 2020, p. 60). “Na era neoliberal, as tecnologias biopolíticas (…) são mais modulares que disciplinares”, os sujeitos não precisam mais ser trancados para serem disciplinados, eles “se tornam os suportes e os reguladores” (Bourcier, 2020, p.
26), “continuamente atravessados, sujeitados à modulação, 24h por dia. Cabe a eles gerenciar tudo isso. Os prisioneiro.a.s são colocado.a.s sob constante vigilância fora das instituições prisionais (…) totalmente moduláveis” (Bourcier, 2020, p. 26). Esse modo de poder, como bem observa o autor, “presidiu a produção disciplinar das identidades sexuais e de gênero ‘desviantes’ no século XIX” (Bourcier, 2020, p.60). A política de direitos não serviu para que nos voltássemos contra essas identidades, operássemos suas recodificações ou para que lutássemos contra as discriminações que elas produzem, a resistência passa-se no plano das “estratégias originais e coletivas implantadas pelas minorias envolvidas, como políticas da representação, ações na mídia, os contradiscursos, o trabalho com o corpo e a saúde, as técnicas de raising consciouness e criação de subjetividades, juntamente como formas de intimidade e sociabilidade diferentes e indisciplinadas” (Bourcier, 2020, p.60-1).

Seguindo Federeci, Bourcier sustenta que o processo de subjetivação capitalista, iniciado no século XVII, exigiu “a produção do novo corpo como uma máquina, um corpo que pode ser convertido em força de trabalho” (BOURCIER, 2020, p. 117). Descartes e o dualismo implicado em seu pensamento, que se tornou um cânone epistêmico, é entendido por Bourcier, seguindo Federeci, “como aquilo que permite o estabelecimento de uma autogestão obrigatória do sujeito racional sobre o corpo” (Bourcier, 2020, p. 117). Essa autogestão se tornou um “requisito essencial do sistema capitalista para o qual possuir a si mesmo é a relação fundamental, e a disciplina não depende mais exclusivamente da coerção externa” (Bourcier, 2020, p. 117). Descartes, ainda conforme essa perspectiva, “chegou a declarar guerra entre ele e seu corpo para torná-lo um campo de Batalha. Ele nega a existência sensível do corpo humano, tentando tirá-lo de si mesmo a golpes de ‘Dúvida hiperbólica’. E isso para submetê-lo ao poder da alma e da razão,
que o governará como o Estado governa o corpo social” (Bourcier, 2020, p. 119). Nesse sentido, parece correto afirmar que Descartes se tornou cânone ao instituir uma guerra subjetiva contra o próprio corpo, que a alma, soberana, deve submeter. O corpo passou a “ser concebido apenas como uma máquina ideal para trabalhar” (Bourcier, 2020, p. 119). Esse dualismo inaugurou dois tipos de competição: a “disputa entre o corpo e a mente” (Bourcier, 2020, p. 119), a “disputa entre o corpo e o alter ego” (Bourcier, 2020, p. 120). Por palavras diversas, a mente deve dominar o corpo e esse domínio se realiza sob a égide
de um “sujeito liberal enquanto indivíduo” (Bourcier, 2020, p. 120) que, acrescentamos, gere a si mesmo e seu próprio gênero como se gerisse uma empresa.

“O gênero enquanto trabalho e no trabalho” (BOURCIER, 2020, p. 132). “Essa conceituação do gênero como o trabalho é o resultado de uma auto investigação, como prática coletiva sobre muitos assuntos, inspirado em oficinas feministas, raising consciouness, incluindo grupos gays e coletivos do movimento operário italiano” (Bourcier, 2020, p. 132). “Otto, um dos participantes, membro de Smaschieramenti e
livreiro, teve a ideia de trabalhar seus gestos no trabalho: levantar, mover livros, etc” (Bourcier, 2020, p. 132). Trata-se, conforme Bourcier, de transformar a oficina Drag King e a performance em “um paradigma e uma ferramenta para desconstruir gêneros, performar masculinidades e criticar o trabalho em contexto neoliberal” (Bourcier, 2020, p. 132). Segundo Bourcier, o coletivo Smaschieramenti parte da ideia de que “o trabalho (insano) é algo que consome tempo e energia, que é obrigatório e produz mais-valia (…).
O trabalho necessário para produzir os gêneros normativos inteligíveis (…), esse trabalho naturalizado, (…) é de fato um trabalho demorado e obrigatório que produz mais-valia apropriada pelo capital” (Bourcier, 2020, p.133). Bourcier oferece um exemplo concreto dessa extração de mais-valia: num badalado bar em Paris recrutam-se “garçons e barmans queer, visivelmente queer, para se tornar cool”, porém o proprietário que lucra com essas existências queer não apaga pelo esmalte e deixa que os queers administrem, sem qualquer auxílio da gerência do bar, a homofobia que os clientes disparam em relação a essas existências.

Conforme Bourcier, “existem três níveis de intervenção política: o dos direitos (o quadro jurídico-legal), o da disciplina (o corpo e as normas) e o da população (administração no sentido mais amplo)” (Bourcier, 2020, p. 62). Atolado no primeiro nível, “negligenciando o nível político da disciplina que atua sobre o corpo”, “aquiescendo ou participando ativamente da gestão da população”, o movimento LG institucional, trabalha na produção de “políticas gay e lésbicas assimilacionistas que alimentam o tríptico nacionalista: Trabalho, Família, Pátria” (Bourcier, 2020, p. 66). Assim, “ocorre um estreitamento político” e “os LG se tornam conservadores e aliados objetivos das desigualdades sistémicas” (Bourcier, 2020, p. 62). Os homonormativos tornam-se “cúmplices ativos e perfeitos do biopoder exercido sobre as minorias, os corpos (a disciplina) e as populações (a gestão) com as racionalizações e classificações de gênero
que isso implica” (Bourcier, 2020, p. 66). Foucault percebeu com precisão a diferença entre duas figuras costumeiramente fundidas, a do sodomita e a do homossexual. O primeiro seria um reincidente, o segundo, uma espécie, uma identidade sexual inscrita numa anatomia específica. O primeiro é uma figura jurídica, o segundo é o produto de uma ciência sexual que se encarrega de reproduzir o segredo sob a identidade sexual. Sam Bourcier, em HOMO INC.ORPORATED, aponta para uma virada biopolítica: o
homossexual tornou-se homo economicus e o mercado neoliberal passou a deter sua verdade. Passamos de “quem és?” a “quanto vale?”. Vivemos na era da gestão neoliberal da diversidade, tornamo-nos figuras do mercado (produto, força de trabalho, valor).

Bourcier pensa a performance “Oh kaña” -realizada em 2010, em Barcelona, por Quimera Rosa, Post-Op, Mistress Liar e Dj Doroti – como forma de resistir as tecnologias do biopoder. Segundo o autor, “esse coletivo pós-pornô tomou as ruas (…) exibindo corpos ciborgues, protéticos, sexuais, ou seja, subjetividades monstruosas e anti neoliberais produzidas por subculturas sexuais queer” (Bourcier, 2020, p. 125). As poucas linhas de que dispomos não nos permitem descrever a performance que é objeto de análise do autor do livro estudado, no entanto, observamos que, depois de descrevê-la e apresentá-la em seus efeitos políticos, Boucier afirma o seguinte: “Nos países marcados pela ditadura, no Brasil, por exemplo, Oh Kaña não funciona” (Bourcier, 2020, p. 128). Levando em conta essa afirmação, nos parece pertinente recordar o trabalho performático de uma artista brasileira que encontrou na Mansión 108i alimento biopolítico para produzir, na geografia latino-americana, efeitos que pensamos ser semelhantes àqueles que o sociólogo encontrou em Oh Kaña, a saber, uma performance que, a partir da subjetivação e dos corpos queers, produz “Uma cultura do poder diferente, e mostra isso” (Bourcier, 2020, p. 125).

Sucia Inmunda de La Basura, antes de assim se chamar e depois de concluir o curso de artes cênicas, partiu do Brasil para o Paraguai com a finalidade de viver na Mansión 108. Foi no período de moradia na Mansión 108 que, num movimento de ressignificação das ofensas recebidas durante uma performance, a artista se autonomeou Sucia Inmunda de La Basura. Súcia -que se apresentava como “ trava não binarie du mato e mar de soja com 5 tetas. Artista erva criadore ambulante. Ela dela – Elu deli – produziu uma performance que atua no exato ponto em que Oh Kaña deixa de fazer sentido em terras latino-americanas, a saber, o patriarcado ditatorial e seu autoritarismo. Súcia incomoda os bons homos. Em Assunção, no Museu de las Memórias, em frente a celas em que pessoas presas pela ditadura foram torturadas, espaço conhecido como La Técnica, Súcia, por meio de diferentes recursos performáticos – toques íntimos, movimentos afetivos e sexuis -construiu, naquele espaço de apagamento e eliminação dos corpos abjetos, um spacing, um “espaço/tempo que circunscreve o tempo da performance,
gerando interação com o público” (Bourcier, 2020, p. 129), neste processo de criação, o espaço público torna-se “elástico, sensível e político coletivamente” (Bourcier, 2020, p. 129). Súcia, com sua performance, incitava a imaginação a colocar em pauta a memória dos corpos homossexuais perseguidos pela ditadura, com sua performance, ela abriu possibilidades de reflexão-ação, de deslocamento das normas de gênero e sexualidade e fez respirar o abjeto, fez o unicórnio peidar.

Precisamos, de maneira urgente, conforme Bourcier, “praticar uma respostajurídica hábil política diferente da política liberal da igualdade, uma vez que esta últimaserve ao biopoder e não à biopolítica” (Bourcier, 2020, p. 68). A agenda desse movimentotraidor, racista, classista, separado da base, incapaz de coletivizar, que exclui “trans*,prostitutas, deficientes, imigrantes e pessoas racializadas não tokenizadas, os pobres e osprecários” (Bourcier, 2020, p. 42), Bourcier opõe uma agenda diferente: multidimensional, interseccional, coalizão anti, não legitimadora nem alimentadora de dispositivos de controle, que não usa o direito para marginalizar, que não reifica a diferença sexual, não fabrica sua base a partir de valores arcaicos. Uma agenda que opera a desconstrução do gênero, combate o homonacionalismo e a agenda econômica da discriminação, que não negligencia o que acontece ao nível da economia sexual, dos
comportamentos e da subjetividade (cf. Bourcier, 2020, p. 37). Uma agenda que valoriza a sociabilidade, a reprodução social e coletiva, o trabalho de care e afeto. Uma agenda produzida por quem luta de maneira positiva e expressiva sem deixar de realizar o cruzamento de problemáticas, agenda dos coletivos que lutam para romper o individualismo arraigado e se opor às políticas assimilacionista, nesta agenda, o casamento não passa de idiotice perigosa (Bourcier, 2020, p. 43). Trata-se de uma afirmação cultural em que se pensa em termos biopolíticos e performativos para propor uma abordagem social e econômica que visa a transformação, a justiça social e a redistribuição econômica que leva em conta LGBTQIAPN+ OC. Uma agenda queer e transfeminista que auxilie na desocupação dos nossos gêneros e sexualidades da ocupação desapropriadora da dupla expropriação a que querem nos submeter em relação ao nosso corpo e o espaço que ele desocupa.

BIBLIOGRAFIA
ARTAUD, Antonin. Pour em finir avec le jugement de Dieu. Bibliothèque numérique romande, s/d. < https://ebooks-bnr.com/artaud-antonin-pour-en-finir-avec-le-jugement- de-dieu/>. Acesso em 27/07/2023.

BOURCIER, Sam. Homo Inc.orporated: o triângulo e o unicórnio que peida. Trad. Marcia
Bechara. N-1 edições; Crocodilo Edições, 2020.

CUEVAS, Clara Eliana. Corpos abjetos e amores malditos: homossexualidade, anonimato
e violência na ditadura stronista em Assunção, 1959. Dissertação (Mestrado em História)
– Universidade Federal do Paraná, 2015. Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/37958/R%20-%20D%20- %20CLARA%20ELIANA%20CUEVAS.pdf?sequence=3&isAllowed=y >. Acesso em
17 de maio de 2023.

i A Mansión 108 pode nos ajudar a pensar possibilidades de resistência a essa dupla expropriação biopolítica dos nossos gêneros no trabalho e como trabalho (bipoder/biopolítica). 108, no Paraguai, é um número que simboliza o abjeto, ele é utilizado quando se quer ofender, especialmente, pessoas que não se conformam às normas de gênero e sexualidade dominantes. O equivalente brasileiro é o número 24, com a diferença que, no caso do 108, o poder da injúria parece ser mais intenso e tornou-se um dispositivo policial de controle dos corpos no período da ditadura paraguaia. A estigmatização do número remonta o assassinato, em 1959, do locutor de rádio e bailarino Bernardo Aranda. O crime serviu de pretexto para que a polícia iniciasse uma série de perseguições, torturas, e execração pública de pessoas identificadas como homossexuais. Foi o jornal El País que, por meio de uma notícia, contribuiu para que a identificação numérica fosse realizada, quando, no dia 12/09/1959, a respeito das investifações da morte de Aranda, notíciou o seguinte “108 pessoas de duvidosa conduta estão sendo investigadas”. Então, no Paraguai, o número 108 tornou signo da injuria e tudo que escapa às normas de gênero e sexualidade passou a ser identificado com ele. A Mansión 108 constituiu-se como resistência ao estigma em seu esforço de ressignificação, num giro performativo, fizeram do número 108 instrumento de afirmação da abjeção. Interessa observar que nessa coletividade a autonominação crítica atinge até mesmo a teoria queer, pois a Mansión 108 foi pensada como um espaço KUIR, com essa diferença de grafia estabelece-se uma recusa ao imperialismo da palavra de origem inglesa e afirma-se uma verve anarquista. Em sua forma de resistência cultural, afirmativa e expressiva, a partir de uma perspectiva cruzada das opressões, sem perder a dimensão da abjeção, a Mansión 108 foi a ocasião da produção daquilo que poderíamos chamar, nos valendo da perspectiva de Bourcier, uma resposta biopolítica consistente ao biopoder. Segundo a historiadora Clara Cuevas, “Dentro das propostas do grupo, encontrámos diálogos a respeito de várias expressões diferentes, como oficinas de clown, stencil, comidas vegetarianas, entre outras propostas que visam questionar a homofobia, mas também o sexismo, o racismo, o especismo, o militarismo e o capitalismo” (Cuevas. 2015,149).

Foto de capa: Divulgação/Librairie Petite Egypte

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

Notícias Relacionadas

Conhecendo o escritor James Baldwin em seu centenário

Siamese lança álbum narrando sua trajetória artística

Romance sáfico nacional traz trama enredada por debate geracional

Literatura Juvenil LGBTQIA+ por 3 autoras nacionais

De Cartagena (COL), notícias sobre migração e refúgio nas Américas

Outras perspectivas sobre saúde: Casa 1 realiza II Semana de Saúde ...

Mais de 220 pessoas LGBTQIA+ foram eleitas em 2024

Nathalia Bellar lança faixa “Deixa eu Colar” evidencian...

Damas produções faz nova temporada de Senhora X, Senhorita Y em São...

O trabalho de catalogação do acervo representativo da Biblioteca Ca...

Exposição “Lambe-Lambe – Histórias Sapatão” ocupa as ru...

Foto da plenária da Câmara de Recife, tirada de cima com o púlpito no fim da sala.

Entenda o papel dos vereadores na defesa dos direitos LGBTQIA+