Quem abrir o Google nesta segunda-feira (22) vai encontrar uma homenagem à atriz brasileira Cláudia Celeste (1952-2018). A empresa informa que a data foi escolhida por marcar a primeira aparição dela em “Olho por Olho” (na extinta TV Manchete), em 1988, marcando a primeira vez que uma travesti teve um papel em uma novela brasileira.
“O Doodle de hoje celebra a vida de Cláudia Celeste, a primeira atriz transgênero a aparecer em novelas brasileiras”, conta a empresa, referindo-se à arte que ilustra sua logomarca na página de buscas. “Ela ganhou e organizou muitos concursos de beleza, e também foi cantora, dançarina, diretora, produtora e autora. Apesar dos obstáculos e desafios que enfrentou, Celeste virou uma figura inspiradora e abriu caminho para as futuras gerações de talentos transgêneros e LGBTQ+ no Brasil.”
Nascida em 1952 no Rio de Janeiro, Celeste começou a explorar sua identidade de gênero enquanto estava servindo o Exército, segundo o Google. Depois de servir, ela fez um curso e começou a trabalhar como cabeleireira em Copacabana, período no qual começou a transição.
Começou a carreira artística como dançarina da peça “Beco das Garrafas”, aos 20 anos. No ano seguinte, foi convidada para o espetáculo “O Mundo É das Bonecas”, no Teatro Rival.
Ela ganhou o título de Miss Brasil Pop em 1976 e, um ano depois, foi convidada para atuar na novela “Espelho Mágico” (Globo) após Daniel Filho vê-la em cena. Uma das cenas que gravou chegou a ir ao ar, mas a participação foi cancelada após um jornal carioca noticiar que ela era travesti.
Era época da ditadura, e exibi-la na TV era impensável para o regime. Com medo da censura, a produção decidiu suspendê-la. Nessa época, ela decidiu se mudar para a Europa para procurar outras oportunidades.
Ao voltar ao Brasil, Celeste desbancou outras 200 atrizes em um teste para o papel da prostituta Dinorah em “Olho por Olho”. Dessa vez, ela ficou do início ao fim da trama.
“Embora tenha enfrentado discriminação ao ser excluída do elenco quando sua identidade trans foi “descoberta”, ela avançou em novas oportunidades para o resto de sua carreira, consolidando seu legado como pioneira que lutou pelos direitos de artistas transgêneros e LGBTQ + em toda parte”, afirma o Google.
Ao longo da vida, Cláudia Celeste dançou e cantou em diversas casas de espetáculos, no Brasil e na Europa. Também fez peças, uma delas dirigida por Bibi Ferreira, e atuou em filmes.
Nos últimos anos, ela fazia parte do grupo de travestis Golden Divas, que se apresentava em uma casa em Copacabana. Cantava Elis Regina e Shirley Bassey e apresentava números de dança ao lado do marido, o também bailarino Paulo Wagner.
Ela morreu no dia 13 de maio de 2018, aos 65 anos, no Rio de Janeiro. Foi vítima de uma infecção pulmonar. Deixou, além do marido, irmãos e tios.
SÃO PAULO,SP