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O trabalho de catalogação do acervo representativo da Biblioteca Caio Fernando Abreu

Por Tamara Cleveland, voluntária da Biblioteca Caio Fernando Abreu

O mês de agosto trouxe uma comemoração muito aguardada por voluntáries da Biblioteca Caio Fernando Abreu: a conclusão da catalogação do acervo acumulado desde 2021. Embora o trabalho de catalogar em uma biblioteca nunca cesse, já que novos materiais sempre chegam para somar ao acervo, a biblioteca da Casa 1 consolida de vez seu papel como um espaço de títulos representativos.

Em 2020, o coordenador da biblioteca, Átila Noldorin, retomou a proposta de construir um acervo inclusivo. Além de literatura LGBTQIAPN+, o foco também seria receber doações de literatura negra, amarela e indígena. O que parecia um sonho distante foi se tornando realidade. Sob os cuidados da bibliotecária responsável, Jaqueline Rodrigues, voluntáries aprenderam a catalogar cada título recebido no sistema Alexandria, um sistema integrado online para gestão de bibliotecas. Assim, o pequeno espaço na esquina da rua Condessa de São Joaquim se transformou em uma grande biblioteca comunitária.

A catalogação do acervo de uma biblioteca comunitária é um processo fundamental para a organização e acessibilidade dos materiais disponíveis. Ao garantir que todos os títulos sejam devidamente registrados e classificados, a biblioteca facilita a busca e o acesso às informações, otimizando o tempo des usuáries e promovendo uma experiência de uso mais eficiente.

O TRABALHO VOLUNTÁRIO

Nesses anos, foram catalogados no sistema Alexandria mais de 7.500 títulos, um processo desafiador, como destaca a bibliotecária Jaqueline Rodrigues: “A biblioteca é composta predominantemente por voluntários, que em sua maioria nunca utilizaram um sistema de biblioteca. A gente precisava de um manual que mostrasse um passo-a-passo detalhado de acesso e uso do sistema e que fosse compreensível para quem não fosse da área de Biblioteconomia, mas que ao mesmo tempo cumprisse os requisitos que o sistema solicita para cadastrar uma publicação”.

Jaqueline desenvolveu um manual explicativo, disponível para noves voluntáries da área de catalogação, e mantém-se sempre à disposição para responder e solucionar as dúvidas que surgem durante o processo. Como reforça o coordenador Átila Noldorin a cada nova formação de voluntáries: “[…] trabalho voluntário é a soma de interesses e disponibilidades.” Dessa forma, a equipe de voluntáries está sempre se renovando. Não é possível manter o comprometimento quando falta disponibilidade, e reconhecer isso é essencial. Caso haja interesse, o trabalho voluntário sempre estará à disposição quando o momento pessoal e a rotina permitirem.

Durante esses anos, inúmeras pessoas voluntáries estiveram envolvidas na construção do acervo, integrando as equipes de Triagem, Curadoria e Catalogação. Toda doação ou material adquirido passa primeiro pela triagem, onde voluntáries avaliam as condições do material e decidem se ele será incluído no acervo, doado ou descartado. Em seguida, as pessoas da curadoria analisam os títulos selecionados para o acervo e determinam em qual seção eles serão alocados dentro da biblioteca. Finalmente, as pessoas da catalogação realizam o processamento técnico no sistema, colam a etiqueta e colocam o material na prateleira correspondente. Dessa forma, voluntáries de atendimento, na ponta do processo, podem ter uma visão clara do que está disponível no acervo.

A IMPORTÂNCIA DA CATALOGAÇÃO

Jaqueline resume bem os benefícios da catalogação completa: “Organização e localização fácil, como cada título do acervo é registrado e classificado de forma precisa, sua localização física (nas estantes e prateleiras) é muito mais fácil e rápida. Acesso rápido à informação, um catálogo bem estruturado permite que o usuário encontre rapidamente o que procura e até descubra o que tem de novidade no acervo. Relatórios estatísticos, essa parte é essencial para que a biblioteca avalie o uso do acervo e monte ações com base nos resultados, por exemplo, analisar o total de empréstimos realizados por mês ou ano, quais publicações são mais emprestadas, qual período tem mais ou menos empréstimos, quantos cadastros de usuários foram realizados por mês/ano […]”.

O impacto positivo se reflete na qualidade do serviço, fortalecendo o papel da biblioteca como um centro comunitário de aprendizagem, difusão de cultura e de convivência. Isso pode aumentar o envolvimento da comunidade, especialmente em áreas onde o acesso a livros e recursos educacionais é limitado. Além disso, com um sistema organizado, uma biblioteca comunitária pode estabelecer parcerias com outras instituições, participando de redes de troca e compartilhamento de informações, como já ocorre com a rede LiteraSampa, da qual a biblioteca faz parte.

“É muito gratificante ver a biblioteca em funcionamento, realizando empréstimos, atendendo a comunidade, desenvolvendo projetos de incentivo à leitura… O ‘trabalho de bastidor’ que é a catalogação tem sempre esse objetivo no final, que é estar disponível para a comunidade”. – Jaqueline Rodrigues

Conheça o espaço e o acervo representativo da Biblioteca Caio Fernando Abreu! É possível fazer a sua carteirinha de segunda a sábado, das 10h às 19h, na Rua Condessa de São Joaquim, 277, no bairro Bela Vista.

Boa visita!

A Casa 1 é uma organização localizada na região central da cidade de São Paulo e financiada coletivamente pela sociedade civil. Sua estrutura é orgânica e está em constante ampliação, sempre explorando as interseccionalidade do universo plural da diversidade. Contamos com três frentes principais: república de acolhida para jovens LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) expulsos de casa, o Galpão Casa 1 que conta com atividades culturais e educativa e a Clínica Social Casa 1, que conta com atendimentos psicoterápicos, atendimentos médicos e terapias complementares, com foco na promoção de saúde mental, em especial da comunidade LGBT.

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