BLOG

Entenda o papel dos vereadores na defesa dos direitos LGBTQIA+

Foto da plenária da Câmara de Recife, tirada de cima com o púlpito no fim da sala.

Mais do que propor leis, vereadores defendem a diversidade nas câmaras e fiscalizam o Executivo

Por Jess Carvalho para a Agência Diadorim

Eleger vereadores aliados da população LGBTQIA+ é essencial para garantir que as necessidades e direitos desse grupo sejam representados e protegidos no processo legislativo local. Esses parlamentares, que serão escolhidos nas próximas eleições, atuam na construção e promoção de políticas públicas voltadas para o combate à discriminação e à garantia da igualdade de oportunidades.

Ter aliados na câmara municipal também assegura que a voz das pessoas LGBTQIA+ seja ouvida e considerada nas decisões que afetam diretamente suas vidas. Vereadores comprometidos com a pauta atuam como defensores ativos, combatendo projetos de lei discriminatórios e lutando por uma sociedade mais justa e inclusiva.

Atuação legislativa e áreas de intervenção

Os vereadores podem propor uma gama de leis visando proteger e promover direitos fundamentais, como segurança, trabalho, moradia, alimentação, transporte, saúde e cultura para a população LGBTQIA+.

Um exemplo é a Lei Municipal nº 13.875/2022, de Porto Alegre, que estabelece diretrizes para a inclusão de temas relacionados à diversidade sexual e de gênero no currículo escolar.

Outro exemplo é a Lei Municipal nº 14.783/2023, de Curitiba, que institui um programa de incentivo para empresas que adotam práticas de inclusão e diversidade, incluindo a contratação de pessoas LGBT.

No entanto, a elaboração de leis não é o único eixo de atuação desses parlamentares. Evorah Cardoso, coordenadora de pesquisa da ONG VoteLGBT, explica que os vereadores desempenham atividades não legislativas importantes, como a fiscalização de órgãos públicos.

“Eles também buscam manter uma mobilização social mais próxima da casa legislativa, promovendo audiências públicas e seminários, além de participar de comissões”, afirma.

Cardoso destaca ainda que a presença de pessoas LGBTQIA+ nos espaços legislativos oferece representatividade e altera a dinâmica das câmaras municipais. “Os parlamentares mudam a maneira como se manifestam sobre determinados temas, pois é diferente se manifestar na presença ou ausência de um representante LGBT”, observa.

Resistência e avanços

A escolha de vereadores que defendem os direitos LGBTQIA+ é crucial para assegurar a continuidade e o avanço das políticas de proteção. Frequentemente, a comunidade precisa de defensores que atuem para barrar retrocessos, resistindo a projetos de lei que buscam restringir direitos já conquistados.

Raissa Romano, pesquisadora do VoteLGBT, destaca que “a atuação desses vereadores é fundamental para mobilizar recursos e atender às demandas específicas da população LGBT+ por meio de emendas parlamentares”.

Um exemplo disso é o apoio à realização das Paradas LGBTQIA+ e a defesa desses eventos contra tentativas de criminalização, negociando com o Executivo ou com a polícia.

Desafios e sub-representação

A escassez de leis de proteção à população LGBTQIA+ no Brasil reflete a dificuldade histórica que os políticos aliados enfrentam ao tentar promover projetos inclusivos.

De modo geral, os vereadores têm maior índice de sucesso na aprovação de iniciativas simbólicas, como a incorporação de datas comemorativas ao calendário oficial do município, mas encontram dificuldades em avançar em questões práticas.

Isso se deve, em parte, à resistência de grupos conservadores e à falta de apoio em algumas câmaras municipais. É comum que exista apenas um representante da comunidade na cidade, que pode ser alvo de violência política.

Atualmente, a população LGBTQIA+ é sub-representada na política brasileira. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que essas pessoas representam entre 9% e 12% da população, mas ocupam apenas 0,16% dos cargos eletivos. “Apesar de serem poucos, esses mandatos costumam ser produtivos e bem posicionados. Segundo o relatório do VoteLGBT+ (2022), 92% das candidaturas LGBT+ defenderam pautas LGBT+ em suas campanhas, demonstrando um forte compromisso com a promoção dos direitos e da visibilidade da comunidade”, observa Romano.

É importante destacar que a atuação desses parlamentares não se restringe às pautas de sexualidade e gênero. Eles também participam ativamente de outras discussões relevantes para a sociedade, como políticas de tributação e soluções sustentáveis, entre outros temas.

Foto de capa: Plenário da Câmara Municipal do Recife. Foto: Divulgação

Notícias Relacionadas

Mais de 220 pessoas LGBTQIA+ foram eleitas em 2024

Nathalia Bellar lança faixa “Deixa eu Colar” evidencian...

Damas produções faz nova temporada de Senhora X, Senhorita Y em São...

Projeto de Lei torna obrigatória criação de casas de acolhimento pa...

A presença de atletas trans e não-binárias nos Jogos Olímpicos de P...

Políticos pagaram mais de cem anúncios contra crianças trans em um ano

Marco Antonio Fera lança clipe sobre as possibilidades de relações ...

Conhecendo mais sobre o movimento e os direitos LGBTI+em 3 livros

Espetáculo de dança e performance ROXA explora identidade de gênero...

Festival em Petrolina celebra a arte produzida pela comunidade LGBT...

TRUPE EM TRÂNSITO estréia na zona leste o espetáculo de rua gratuit...

Projeto “Lentes Coloridas” pesquisa perfil de profissionais LGBTQIA...