SÃO PAULO, SP – Quando acorda, o ator e ex-executivo Fernando Magrin, 56, faz um queijo quente. Nessa quarta-feira (19), ele decidiu incluir fatias de azeitona no sanduíche “para ter mais energia”. Fez a barba bem rente para deixar a pele lisinha. Passou blush, batom, usou muita purpurina na maquiagem, vestiu um de seus vestidos rosas, colocou colares de pérola, o salto 14. E foi se vacinar.
Quem saiu de casa e chegou na UBS Santa Cecília foi Mama Darling, alter ego que Magrin criou quando tinha 51 anos, uma drag que só se veste de rosa. “Que toda a população brasileira tenha acesso à vacina logo. Mesmo porque a Mama trabalha com bloco de carnaval, eventos, e ela quer aglomeração. Tenho saudade e não vejo a hora de fazer festa de novo”, disse.
Na unidade de saúde, Mama foi recebida por uma equipe que já estava preparada para a performance e a sessão de fotos. Ela gritou “Viva o SUS” assim que desceu do carro, a quatro quadras de casa, antes de se juntar a pacientes que, como ela, sofrem de hipertensão.
Tomou a injeção -ela prefere dizer “picadura”– em absoluto silêncio. Abriu um leque branco e rosa com vigor e abanou-se com cinco golpes, antes de voltar a gritar “Viva o SUS”.
Nascido em Campinas e criado em uma cidade vizinha, Nova Odessa, Magrin conta que decidiu se montar naquele dia em que tomou a primeira dose da Pfizer para levar um pouco de alegria a um período tão triste e marcado pelo “descaso com que o governo está tratando o brasileiro e a pandemia”.
“Sinto muito por todos que se foram, pelas pessoas que perderam seus entes queridos. Achei que podia passar a mensagem de que a vacina é muito importante”.
O ator diz que tomar a vacina não doeu nada, que não houve reação posterior nem febre. Quer voltar “montadíssima” para a segunda dose no dia 19 de agosto, registrando tudo em suas redes sociais.