Dois movimentos sociais ocuparam nesta quarta-feira (3), de forma simbólica, as cadeiras e mesas da Biblioteca Mário de Andrade, na República, região central de São Paulo, em protesto contra os ataques racistas e homofóbicos ocorridos no local no dia anterior.
O Movimento Raiz da Liberdade e o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) foram à biblioteca com faixas e bandeiras para afirmar que não aceitarão a ocupação de espaços públicos por “gente fascista que só quer disseminar ódio e preconceito”.
Na terça-feira (2), Wilho da Silva Brito, 39, foi preso após uma série de afirmações racistas e homofóbicas na biblioteca. Os ataques foram registrados em vídeo que circula nas redes sociais. O Tribunal de Justiça de São Paulo converteu a prisão do homem em preventiva e ele deve ser encaminhado para um CDP (Centro de Detenção Provisória).
Wilho estava com os livros “Minha Luta”, de Adolf Hitler, e “Uma Breve História do Tempo”, de Stephen Hawking.
Na manifestação desta quarta, integrantes dos movimentos sociais leram páginas de livros como “O Alienista”, de Machado de Assis, e “Não Culpe sua Mãe”, de Paula Caplan.
Nas escadarias da biblioteca, os ativistas afirmaram, em jogral, que a biblioteca é um espaço de cultura, aprendizado e conhecimento e não de estupidez.
“O objetivo do ato foi mostrar que um espaço de cultura e conhecimento não é espaço para racismo e lgbtfobia. Não iremos nos calar. Basta de discurso de ódio e da naturalização do absurdo”, disse Ediane Maria, coordenadora dos dois movimentos.
Segundo a Prefeitura de São Paulo, responsável pela biblioteca, o acusado já havia causado outros problemas no local.
Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Cultura repudiou as falas e as atitudes “nazistas, homofóbicas e racistas”. Segundo a nota, “o espaço é marcado pelo respeito às diferenças de gênero, raça, orientação sexual e pela celebração da diversidade”.
Ainda de acordo com a prefeitura, as equipes da biblioteca e de outros equipamentos culturais da cidade têm passado por treinamentos para lidar com atitudes racistas, transfóbicas e misóginas. Há também um trabalho de conscientização dos funcionários.
“A Prefeitura esclarece que as pastas da Cultura e de Direitos Humanos e Cidadania estão em diálogo para tratar do caso”, finaliza a nota.
POR CRISTINA CAMARGO
SÃO PAULO,SP