Colaborou João Paes, produtor e redator da Casa 1 e Bruno Oliveira, coordenador de programação da Casa 1
A gente sabe que tem rolado uma enxurrada de conteúdos online por conta do isolamento social, inclusive, relatos e mais relatos surgem a partir de uma pressão constante para que nos mantenhamos ativos em tempos de quarentena, quando na verdade a gente só quer dormir ou então chorar um pouco e tá tudo bem.
No entanto, para muitos, o período tem se mostrado um bom momento para pegar tudo aquilo que o ritmo frenético impedia de ser feito, como por exemplo, parar e assistir uma longa palestra ou aula, por isso listamos aqui 10 grandes momentos de pensadores e pensadoras que merecem ser vistos com toda atenção e respeito. Prepare-se para aplaudir em pé (daí da sua sala mesmo).
1. Angela Davis – “A Liberdade e Uma Luta Constante”, no Auditório Ibirapuera | 2019
Em sua primeira passagem por São Paulo, a filósofa e ativista Angela Davis realiza a conferência A Liberdade É Uma Luta Constante, na plateia externa do Auditório Ibirapuera. O evento conta com comentários da pesquisadora Raquel Barreto, responsável pelo prefácio da obra, e da escritora Bianca Santana, com mediação de Christiane Gomes.
Você pode assistir completa na plataforma SpcinePlay que disponibilizou todo seu conteúdo gratuitamente durante a quarentena.
2. Fernanda Montenegro – Prólogo, Ato, Epílogo | 2019
“Parte da programação do Festival da Biblioteca Mário de Andrade – A Virada do Livro. Fernanda Montenegro comenta pela primeira vez seu livro de memórias “Prólogo, Ato, Epílogo”, em conversa com a jornalista Marta Góes. Marta realizou 18 entrevistas com a atriz que, a partir desse material, escreveu a obra entre novembro de 2017 e agosto de 2019. O local escolhido para celebrar esta ocasião tão especial é o Theatro Municipal.”
A fala está também no catálogo da SpcinePlay e pode ser vista clicando neste link.
3. MASP Palestra | Artistas negras brasileiras: desafios contemporâneos | 2019
Questões relacionadas ao corpo, aos padrões estéticos e aos lugares ocupados pelas mulheres nas sociedades atuais estão entre as trabalhadas pela produção visual feminina contemporânea. Entretanto, várias artistas negras têm ido além dessas questões, ao propor uma revisão da história do Brasil a partir de seu local no mundo.
Como esta produção se insere dentro do panorama visual da diáspora negra? Como se dá a formação das jovens artistas negras brasileiras? Seria esta produção um reflexo de um movimento internacional maior? Estaríamos conversando com outros países, notadamente os de língua inglesa, onde estes questionamentos são mais frequentes? A produção feminina afrodescendente está inserida em um panorama de revisão internacional das histórias hegemônicas? Esses são alguns questionamentos que, como artista e professora, Rosana Paulino pretende abordar nesta palestra.
Para assistir, basta dar o play no vídeo.
4. Curso Arte, ação e pensamento anticoloniais – Aula com Rosana Paulino | 2019
A gente ama muito a Rosana e sim, colocamos duas palestras/ aulas da artista na lista. Pra ver e rever!
Presença do negro nas artes visuais no ocidente: o caso brasileiro, com Rosana Paulino O encontro tem como função discutir, de forma breve, as representações da população negra na arte do ocidente e como estas personificações ajudaram a construir um imaginário coletivo para este grupo, contribuindo, desta forma, para a instalação do racismo ou para, em alguns momentos, tornar menos ameaçadora a visão do “diferente”, visando sua acomodação à sociedade. Será dada ênfase ao desenvolvimento desta questão no Brasil. Pretende-se ainda discutir como esse imaginário sobre a população negra foi também forjado com a ajuda das artes visuais e como isto reflete, até os dias de hoje, no senso comum construído sobre negros e negras no Brasil.
5. Mulheres e resistências com Silvia Federici | 2019
Silvia Federici é uma escritora, professora e ativista feminista italo-estadounidense. Em seus trabalhos conclui que o trabalho reprodutivo e de cuidados que fazem grátis as mulheres é a base sobre a que se sustenta o capitalismo. Nos anos setenta foi uma das impulsoras das campanhas que começaram a reivindicar um salário para o trabalho doméstico realizado pelas mulheres sem nenhuma retribuição. Na década de 1980 trabalhou durante vários anos como professora na Nigéria. Ambas trajetórias convergem em duas de suas obras mais conhecidas: “Calibán e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva” (2004) e “Revolução ao ponto zero: trabalho doméstico, reprodução e lutas feministas “(2013). Situa-se no movimento autónomo dentro da tradição marxista. Na atualidade é professora emérita da Universidade Hofstra em Nova York
Você pode acompanhar a palestra dando o play.
6. Judith Butler e a Teoria Queer | 2018
Para assistir aperte o play.
7. Conferência de Ailton Krenak em Lisboa
Conferência de Ailton Krenak – Do sonho e da terra no ciclo Questões indígenas no Teatro Maria Matos, no âmbito do ciclo UTOPIAS e de Passado e Presente Lisboa 2017 – Capital Ibero-Americana de Cultura. Essa fala deu origem ao obrigatório livro “Ideias para Adiar o Fim do Mundo”, lançado em 2019 pela Companhia das Letras.
Para assistir de 0 play.
8. Mulheres na Ditadura Militar – Lutas e Avanços com Amelinha Teles | 2019
As mulheres que se rebelaram contra a ditadura se posicionaram contra a virgindade, a maternidade e a heterossexualidade compulsórias. Tiveram de romper com práticas patriarcais dentro e fora de casa, e contribuíram com o feminismo que viria posteriormente. Muitas foram alvo de violência sexual por parte dos agentes de estado que atuavam nos DOI-Codis, Dops, e em casas clandestinas de extermínio. Havia uma ideia generalizada no meio da repressão de que as mulheres de esquerda, por não cumprirem o papel esperado de “submissas e inseguras”, eram promíscuas e queriam superar os homens nas atividades políticas e militares, o que as tornava muito perigosas, segundo eles. A misoginia e a censura andaram juntas: assuntos referentes às mulheres foram silenciados, sob alegação da defesa da família, moral e bons costumes. Ao denunciarem a violência sexual e estupros, essas mulheres construíram narrativas que politizaram e deram visibilidade à questão, e mostraram que a impunidade de agentes públicos do estado autoriza a manutenção da violência de gênero.
Traremos estas narrativas do passado sob a ótica “de uma lente intergeracional”, tendo em vista o continuum da violência de gênero em nosso país, o que tem mobilizado o protagonismo de jovens que se rebelam e se declaram “vadias” “sapatões”, “transgressoras” – expressões usadas contra nós, hoje reapropriadas, visando atacar a misoginia e o ódio às mulheres, que tem sido destaque na política atual.
Por Amelinha Teles, diretora da União de Mulheres de São Paulo e integrante da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos da Ditadura Militar brasileira.
Para assistir basta dar o play no vídeo.
9. Família, Religião e Política | Amanda Palha, Flávia Biroli e Henrique Vieira | 2019
AMANDA PALHA Travesti, feminista e comunista, é educadora popular e atua há sete anos em associações filiadas à hoje conhecida Amotrans (Articulação e Movimento de Travestis e Transexuais de Pernambuco). Está, atualmente, como Coordenadora da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular de Pernambuco. É uma das autoras do dossiê “Marxismo e lutas LGBT” da edição 33 da revista Margem Esquerda , que lançada durante o seminário.
FLÁVIA BIROLI Professora no Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília desde 2005, é mestre e doutora em História pela Unicamp. Publicou, pela Boitempo, Feminismo e política (2014, com Luis Felipe Miguel) e Gênero e desigualdades (2018). Foi editora da Revista Brasileira de Ciência Política (2009-17) e editora associada da revista Politics & Gender (2018-19). Fez parte do Grupo de Assessoras da Sociedade Civil para Mulheres da ONU no Brasil (2016-17). Atualmente é presidenta da Associação Brasileira de Ciência Política (2018-20).
PASTOR HENRIQUE VIEIRA Formado em Teologia pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, no Rio de Janeiro, é pastor, ator, pesquisador da arte do palhaço, cientista social e historiador. É uma das expressões da teologia negra que busca resgatar a potência negra da Bíblia e da história do cristianismo, bem como combater o fundamentalismo religioso. Graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense e em História na Universidade Salgado de Oliveira. Integra o Conselho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog e a Aliança de Batistas do Brasil. É um dos autores da coletânea O ódio como política (Boitempo, 2018) e lançou este ano O amor como revolução (Editora Objetiva).
ANDREA DIP Andrea Dip é repórter e editora na Agência Pública. Tem sete prêmios de jornalismo em Direitos Humanos e foi finalista do Prêmio Gabriel García Márquez em 2015. É autora de Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder (Civilização Brasileira, 2018) e lançou o documentário Sob Constante Ameaça, em codireção com Guilherme Peters. É becária Cosecha Roja e participa do programa “Independent Journalism”.
Para ver aperte o play.
10. Marilena Chaui: Neoliberalismo: a nova forma do totalitarismo
Nesta palestra, a filósofa Marilena Chaui fala sobre “Neoliberalismo: a nova forma do totalitarismo”. O evento marca o lançamento do Curso de Especialização da PUC-SP “Psicanálise nas situações sociais críticas”. Assista clicando no play do vídeo no Youtube.
Lembrando que os desdobramentos do neoliberalismo em tempos de coronavirus foi abordado aqui no blog pela psicologa Mariana Penteado e a psicanalista Lívia Lourenço e pode ser lido aqui.